Sejam bem-vindos, investidores desportivos!

Neste artigo iremos abordar essa figura tão famosa no mundo das apostas desportivas que é a alavancagem.

Há semelhança de outros termos e/ou técnicas, a alavancagem é mais um dos termos adoptados dos mercados financeiros, onde alavancar a banca é uma prática corrente. Em finanças, alavancagem, que pode ser denominada de leverage ou gearing, é um termo que designa toda e qualquer técnica que seja utilizada com o objetivo de potenciar a rentabilidade dos capitais próprios e o lucro dos acionistas, sem que estes precisem investir recursos próprios adicionais. A alavancagem nos mercados financeiros funciona, portanto, como um multiplicador do capital próprio. A alavancagem corresponde à relação entre capital próprio e créditos aplicados numa determinada operação.

De acordo com o parágrafo acima, a ideia que retemos é a de que a alavancagem implica o endividamento, certo? Isto porque estamos a recorrer a recursos dos quais não dispomos. Transportando isto para a realidade das apostas desportivas, é possível alavancar uma banca? Veremos!

Vamos começar por estabelecer um ponto simples, nenhuma casa de apostas no mundo está disponível a adiantar capital a um apostador sob pena de o perder, até porque, o negócio da maioria das casas de aposta é lucrar com os apostadores não lucrativos. Ponto assente, não contamos com a casa de apostas para alavancar a nossa banca.

Mas se o nosso leitor aceder ao Google ou ao Youtube e pesquisar por “alavancar a banca”, vai demorar para conseguir ler muitos dos artigos, posts ou vídeos sobre o tema e as opiniões são divergentes, o que é positivo pois ajuda a formar uma opinião própria.

Na minha humilde opinião, não há alavancagem de banca no mundo das apostas desportivas, o que há e o que muitos designam por alavancagem de banca, não é mais do que adoptar uma gestão de banca mais agressiva, dividindo a banca em poucas unidades, com o objectivo de maximizar os lucros. Muitos dos nossos artigos já aqui publicados, debruçam-se sobre a importância de uma boa gestão de banca, porque é fundamental, para compensar o risco que corremos sempre que aceitamos uma aposta. E o que pode suceder sempre que arriscamos muita da nossa banca? Arriscamo-nos a perder.

Voltando ao Google e ao Youtube, facilmente, encontramos relatos de projectos punting que vão de € 10 a € 1000 em 100 apostas, por exemplo, e todos os que encontramos, são relatos positivos, favoráveis e que dão a sensação, enganadora, de que é fácil replicar tais projectos. O que nós não encontramos são as tentativas desses produtores de conteúdo, que falharam e que correram mal, onde perderam mais apostas e mais unidades do que aquelas que nos transmitem nos vídeos e nos posts do sucesso. Isto significa que estes camaradas, que até podem ser excelentes apostadores, estão a alimentar o seu próprio ego, esquecendo-se que para muitos, são verdadeiros exemplos a seguir. E como já aqui vos trouxemos, o ego é o pior inimigo de um apostador porque influencia a sua própria noção de realidade, provocando um sentimento de invencibilidade e de superioridade, quando no final das contas, um apostador só precisa de ser melhor do que foi no dia anterior e acima de tudo, melhor do que a casa de apostas.

Alguns projectos de alavancagem baseiam a sua estratégia em apostas simples com stakes até 50% da banca, recorrendo a alguns extras para fazer apostas combinadas e dar uns “pulos” – sabendo a dificuldade e o risco que envolve apostar em múltiplas. Muitos, acabam por manter o valor da stake, o que vai acabar por ajustar a exposição da banca até um modelo de gestão mais ou menos sustentável.

Grande parte destes projectos são criados por apostadores, ou alegados apostadores, que publicam as suas picks para que terceiros, façam as suas apostas. Um apostador não deve ser um seguidor de picks, mas deve partir das picks para formar a sua opinião, reflectindo, estudando, calculando e se no final, a sua decisão convergir com a pick, investir.

Quem cria estes projectos de alavancagem de banca, nem sempre se lembra da pressão financeira que alguns dos seus seguidores sofrem e da magreza das suas bancas, podendo levar alguns projectos de apostador ao famigerado “tilt”.

Voltemos então à pergunta feita mais acima: é possível alavancar uma banca, nas apostas desportivas? Na minha opinião, não! Qual é a sua?

Se quer de facto ser lucrativo nas apostas desportivas, esqueça as receitas que se encontram na Internet e foque-se nas suas próprias capacidades. Esteja atento, procure conteúdos de qualidade, seja incansável na aprendizagem. Sócrates afirmou: «Só sei que nada sei» e por isto, consideramo-lo um dos pensadores mais sapientes de todos os tempos.

Especialize-se, numa determinada prova, desporto ou campeonato. Quanto mais as ligas que acompanha e aposta, maior a probabilidade de perder dinheiro. Mais vale ser excelente numa coisa, do que mediano em várias coisas. Quanto mais conhecer e souber, melhores os seus resultados.

Defina uma estratégia e mantenha-se firme, cumpra-a escrupulosamente como se fosse uma lei. Por exemplo, só apostarei em equipas da metade superior da Liga NOS, no mercado de probabilidades e em odds nunca inferiores a 1,70.

Estude. Lamento a repetição, mas sem estudo e aprendizagem não se chega a lado algum, ainda se lembra de um certo dia, em Setembro, quando tinha 6 anos e o seu pai ou a sua mãe o levaram pela mão à escola? Pois é, nas apostas é igual, só falta quem nos dê a mão, porque no resto, até reguadas apanhamos. Estude muito, estude até se sentir frustrado, até sentir que continua sem saber nada. Estude até se olhar para o espelho e se sentir um autêntico ignorante, pois aí, garanto-lhe, já saberá mais do que muitos e saberá, sobretudo, que terá sempre limitações e que o conhecimento nunca, jamais será demasiado.

Concluindo: quer ser um apostador lucrativo? Esforce-se e corra atrás, esqueça dicas milagrosas, títulos prometedores e prepara-se para sofrer, para se sentir angustiado e frustrado, para sacrificar horas de sono e algumas de convivência. Prepare-se para chorar, para dar murros na parede quando as coisas correrem mal, porque vão correr mal. Mas no final, lá na frente, no longo prazo que tanto falamos, verá que vale a pena quando olhar para a banca e ver os zeros à direita com que sempre sonhou.

Um bem haja!