Sejam bem-vindos, investidores desportivos!

Este artigo diz respeito a um tema que tem muito que ver com gestão de banca, mas não é. Com maturidade emocional, mas não é. E com experiência adquirida enquanto apostador!

Este artigo é sobre a popular estratégia de apostas Martingale.

Antes de concretizar esta estratégia, permitimo-nos referir que alguns apostadores e teóricos de apostas, defendem que a gestão de banca deve ser progressiva, aumentando a stake a cada aposta perdida, numa tentativa de recuperar dinheiro.

Tais individualidades consideram que isto é o “Santo Graal” nas apostas, porque entendem que é inevitável, a dada altura ganhar uma aposta e que deste modo acabam por conseguir recuperar todo o dinheiro investido.

É óbvio que a gestão de banca deve ser progressiva, pois de outro modo, não saímos da “cepa torta”. Mas faz sentido que isso aconteça durante uma curva negativa? Nas apostas desportivas há alguma coisa inevitável?

A estratégia de apostas Martingale:

Vamos concretizar, a sua versão original leva-nos até aos casinos, onde terá surgido este sistema. Mais precisamente, ao jogo da roleta, onde as opções disponíveis são: vermelho ou preto. Mais uma vez e sem considerar a vantagem da casa, este jogo apresenta uma probabilidade para cada resultado de 2,00. A estratégia visa dobrar o montante da aposta a cada perda até chegar o momento da vitória.

Transportemos a estratégia de apostas Martingale para as apostas desportivas. Sempre que um apostador perde uma aposta, na aposta seguinte deve dobrar o montante apostado, de modo a recuperar a perda da aposta anterior e assim sucessivamente, até conseguir recuperar a perda original. Será algo deste género:

• Aposta 1: € 1 investido a uma odd 2,00 > Resultado = -€ 1;
• Aposta 2: € 2 investidos a uma odd 2,00 > Resultado = -€ 2 | Perdas acumuladas de -€ 3;
• Aposta 3: € 4 investidos a uma odd 2,00 > Resultado = -€ 4 | Perdas acumuladas de -€ 7;
• Aposta 4: € 8 investidos a uma odd 2,00 > Resultado = -€ 8 | Perdas acumuladas de -€ 15;
• Aposta 5: € 16 investidos a uma odd 2,00 > Resultado = € 32 | Lucro total de € 1.

Até aqui parece infalível? Porque não nos lembramos disto antes?

Esta estratégia progressiva é imperfeita matematicamente e na realidade, o que aumentamos a cada aposta perdida é o risco. Numa série prolongada de apostas perdidas, a nossa stake aumenta muito rapidamente e das duas, uma: ou atingimos o limite da nossa banca, ou o limite imposto pela casa de apostas. Em todo o caso, importa sublinhar que numa sequência de 10 apostas perdidas, a seguinte terá de ser no valor de 1024 unidades da nossa banca.

Não pense, caro leitor que é impossível encarar uma sequência de 10 apostas perdidas, porque não é. Não é frequente se formos experientes e se estudarmos convenientemente as nossas apostas, mas não é impossível.

A estratégia de apostas Martingale é um mito para apostadores que se estão a iniciar e que aumenta e muito, o risco de bancarrota. Se há coisa que um apostador deve incorporar é que as perdas não se recuperam. Sempre que perdemos uma aposta, perdemos uma ou várias unidades da nossa banca e isto não se recupera, porque foram perdidas. O que acontece é que mais à frente vamos ganhar uma ou várias unidades que se somarão à nossa banca. Recuperar perdas é uma ilusão.

A estratégia de apostas Martingale mais não é do que uma ilusão. Se e só se, não tivéssemos limitações de banca e do valor a apostar, poderia ser uma estratégia bem-sucedida a longo prazo, mas se o nosso leitor não tem limitações de banca, muitos parabéns, tem uma banca infinita e se calhar todo este trabalho não é para si.

Concluindo: se o nosso leitor é um apostador inexperiente, recorrer a esta técnica é o mesmo que colocar “ruína financeira no GPS” do seu carro; se o nosso leitor é um apostador experiente, sabe que não precisa desta estratégia para ser bem-sucedido no longo prazo, porque já conhece métodos de verdadeira gestão de banca.

A alegada capacidade da estratégia de apostas Martingale, em transformar perdas em lucros é uma ilusão muito perigosa!

Um bem haja!