Sejam bem-vindos, investidores desportivos!

A sorte protege os audazes!

Quantas vezes já ouvimos esta expressão? Quantas vezes a repetimos? A sorte e o azar acompanham-nos em vários momentos da nossa vida e comummente ajudam-nos a tentar compreender ou justificar aquilo que muitas vezes é incompreensível ou inexplicável.

Como é que se encaixa a sorte e o azar nas apostas desportivas? Será que quando acertamos numa aposta estamos com sorte? Ou será que quando perdemos estamos com azar?

Antes de tentarmos compreender a sorte e o azar, é preciso compreender os conceitos curto e longo prazo, porque ambos os conceitos acabam por se relacionar. Tudo porque no curto prazo pode existir sorte, mas nunca existirá no longo prazo.

Vamos comparar um fim de semana de apostas de um apostador experiente e de um curioso. Ambos seleccionam uma jornada da Liga NOS para apostar, estamos então a falar de 9 jogos. O apostador experiente faz o que é habitual, estuda os jogos, analisa, calcula e prepara-se para as suas decisões. O curioso, olha para os jogos, faz os seus cálculos mentais baseados em sabe-se lá o quê e faz as suas opções. Digamos que nesse fim de semana, o apostador experiente acertou em 3 e errou em 6 jogos e que o curioso, acertou em 7 e errou em 2 jogos. Pode-se dizer que a sorte e o azar estiveram presentes? Sim, podemos dizer que o curioso teve sorte nas suas escolhas e que o apostador experiente teve azar nas suas opções.

Mas mantendo o mesmo exemplo, vamos observar a época toda. Em 306 jogos vamos assumir que o apostador experiente acerte em 180 e erre em 126 jogos e o curioso, acerte em 90 e erre em 216 jogos. No longo prazo não há lugar a sorte ou azar, apenas a competência e experiência.

É normal quando a amostragem é curta que a sorte se manifeste, mas há medida que a amostragem cresce, deixa de haver lugar à sorte, pois no mundo das apostas desportivas ninguém ganha num ano inteiro por ter sorte, nem perde por ter azar. Ganha e perde porque trabalhou com competência, com concentração e com foco.

Um bom apostador sabe que deve avaliar as suas próprias apostas de modo a compreender se as decisões que tomou estavam correctas. Não tem que ver com apostas certas ou erradas, porque todas devem ser alvo do mesmo processo. E esta avaliação visa identificar erros de análise nas apostas erradas, porque para um apostador é melhor perder uma aposta por erro de julgamento do que por azar. Os erros são identificáveis e podem ser corrigidos. O azar, não!

Vamos imaginar que eu estou a apostar numa equipa que nas últimas cinco partidas falhou cinco grandes penalidades. Neste caso eu não posso assumir a falha da grande penalidade como erro meu. Resta-me assumir que a equipa ou o marcador das grandes penalidades está num mau momento ou não está a treinar convenientemente. E aqui nada há a melhorar enquanto apostador. Há apenas a resignação de nada poder fazer, pois é um factor que não depende de mim e que eu não posso controlar.

Imaginemos que eu apostei na vitória de uma equipa e que por distracção, falta de tempo, ou outro factor, ignorei que o seu jogador chave estaria ausente da partida e o resultado acabou por ser um empate. Aqui, o erro é meu e falhei porque fui incompetente, porque não observei todos os dados que devia. Sem sorte ou azar, apenas incompetência.

Um bem haja!