Sejam bem-vindos, investidores desportivos! Os nossos leitores, que já apostam ou estão a dar os primeiros passos nesta indústria, muito provavelmente, já terão ouvido falar, ou já se confrontaram com o Cash Out, todavia, saberão o que é e como funciona? Eis a nossa proposta e desafio para este artigo, concretizar um pouco mais acerca…
Sejam bem-vindos, investidores desportivos!
Os nossos leitores, que já apostam ou estão a dar os primeiros passos nesta indústria, muito provavelmente, já terão ouvido falar, ou já se confrontaram com o Cash Out, todavia, saberão o que é e como funciona?
Eis a nossa proposta e desafio para este artigo, concretizar um pouco mais acerca do Cash Out.
Estima-se que o sistema ou funcionalidade de Cash Out tenha surgido, originalmente, em 2012 no universo das apostas desportivas e a sua implementação é atribuída à Casa e Bolsa de Apostas Betfair. Não se pense, contudo, que o Cash Out, ou melhor, aquilo que representa e o que se consegue atingir tenha surgido somente em 2012, porque antes, já existiam apostadores que recorriam a algo semelhante e que não é mais do que a contra-aposta.
Mas o que é o Cash Out?
Bem, o Cash Out é uma funcionalidade que permite aos apostadores receberem, de imediato, uma quantia garantida de dinheiro pelo encerramento da sua aposta, antes desta ser liquidada, ou antes de ter expirado. Tem-se vindo a popularizar entre os apostadores recreativos, porque permite eliminar da equação, um resultado negativo. Junto dos apostadores profissionais não goza de grande fama, por diversos factores dos quais se destaca a rentabilidade.
Como se chega ao Cash Out?
A fórmula de cálculo do Cash Out compreende os potenciais ganhos, de uma determinada aposta, assim como as cotações actuais no caso do apostador estar a colocar a sua aposta no presente.
Vamos exemplificar com uma aposta de € 10 na vitória do Liverpool a uma cotação de 4,00. Chegados ao intervalo da partida, o Liverpool está na liderança do marcador, mas as cotações actuais já caíram para 2,00. Neste caso e num cenário perfeito, o valor considerado justo para fazer Cash Out desta aposta poderia ser calculado dividindo o lucro potencial da aposta realizada pela cotação disponível no momento e cuja representação será a seguinte:
Cash Out = € 10 x 4,00 / 2,00 = € 20
Repare querido leitor que escrevi “neste caso e num cenário perfeito”. E mesmo não se tendo questionado porquê, eu explico. As casas de aposta vivem das apostas e o modelo só é lucrativo devido a algo que já escrevemos em artigos anteriores, mas sobre o qual ainda não dedicamos a devida atenção que é o “juice”. Este sumo, que não é de laranja, mas de euros, é a margem de lucro das casas em todas as opções de aposta que disponibilizam. E o “juice”, está presente em todas as opções, até no Cash Out. Motivo pelo qual, provavelmente, a cotação de 2,00 que acima mencionamos poderia estar situada em 1,90 ou pior, 1,85. A consequência desta desvalorização é a perda de rentabilidade no longo prazo.
Outro bom exemplo de como funciona o Cash Out poderá ser encontrado no campeonato português, a Liga NOS. No arranque da época 2018/19, os principais candidatos à vitória do título nas mais diversas casas de aposta, eram o FC Porto e o Benfica, com cotações mais ou menos próximas. Vamos imaginar que o Benfica, antes sequer de se disputar a primeira jornada, estava cotado para vencer o campeonato a 6,00, e eu, como benfiquista que sou, investi € 100 na vitória da minha equipa. Porém e já depois dos primeiros jogos sob orientação de Bruno Lage, a casa onde fiz esta aposta oferecia-me € 150 de Cash Out, com a cotação nesse momento a cifrar-se em 3,25.
Vamos calcular de novo qual seria o valor justo para o Cash Out neste cenário?
Cash Out = € 600 (lucro potencial da minha aposta) /3,25 (cotação actual) = € 184,61.
Veja bem, querido leitor, a diferença: € 34,61 de diferença ao accionar o botão do Cash Out, € 34,61 de lucro para a casa de apostas.
É devido a estas diferenças tão avultadas, que esta opção não goza de grande popularidade entre os apostadores profissionais e aqueles que se dedicam a “batalhar” contra as casas de aposta, procurando apostas de valor.
Mas o Cash Out é totalmente inútil?
Não, de todo. De outro modo não existiria.
O Cash Out pode ser útil e apresentar-se como solução alternativa para um apostador quando, por exemplo, a aposta feita no Benfica para vencer a Liga NOS tenha “empatado” demasiado capital que estamos a necessitar, no presente, para investir em outras apostas. Ou seja, o Cash Out pode revelar-se uma solução para apostas de longo prazo, cujos capitais investidos se revelem necessários para outros investimentos.
Sendo muito raro, pode verificar-se que o valor de Cash Out pode superar o valor de mercado, ou seja, a quantia que a “nossa” casa de apostas nos paga pelo Cash Out daquela aposta é superior às cotações disponibilizadas por outras casas de aposta. Tal permite-nos suspeitar de um valor de Cash Out superior ao valor justo e levar-nos a aceitá-lo, para reinvestir e maximizar o retorno.
Porque não se deve utilizar o Cash Out como sistema?
Esta é muito simples. Lucrar consistentemente, com valor esperado positivo através de Cash Out é muito difícil devido a diversos factores tais como, a maior capacidade de cálculo e rapidez no ajuste das cotações das casas de aposta, o persistente “juice”, entre outros, mas supondo que existe, em todo o mundo, um apostador que descobriu como fazê-lo, o resultado será a limitação da conta ou, no limite ser banido da(s) casa(s) de aposta.
É também por isto que os apostadores profissionais utilizam algo designado por “hedging”, ou em português, cobertura. De uma forma muito simples e resumida (demasiado, quiçá) cobrir uma aposta feita é apostar em outra equipa no mercado. Imagine de novo o exemplo do vencedor da Liga NOS, cuja aposta original foi no FC Porto, mas a dada altura teria sido avisado cobrir esta aposta com uma nova, na vitória do Benfica, com um valor que permitisse lucrar, independentemente de vencer um ou outro.
Um bem haja!