Sejam bem-vindos, investidores desportivos!

Neste artigo desafiamo-nos a resumir em alguns parágrafos, uma das faces mais obscuras da indústria das apostas desportivas. Este é um tema verdadeiramente complexo e o que aqui vos trazemos daria pano para mangas, mas com certeza que já ficará com uma ideia. Espero, sinceramente, que os nossos leitores apreciem.

Um dos denominadores comuns nos vários artigos publicados até aqui, é o facto de nos referirmos sempre à indústria das apostas desportivas, evitando referirmo-nos às apostas desportivas. E o motivo é simples, ao longo do tempo as apostas desportivas cresceram e muito, transformando-se na indústria de milhões que é hoje.

Diariamente, são movimentados muitos milhões em apostas desportivas, em qualquer divisa que possa pensar. Somas de pequenos apostadores, curiosos, recreativos, pequenos profissionais, grandes profissionais, investidores e pasme-se, sindicatos (ou unions).

Sindicatos de Apostas!

Os sindicatos de apostas são a meta de muitos apostadores, o pináculo de uma carreira ou um patamar avançado de aprendizagem, rumo a objectivos ainda maiores. Quanto mais nos envolvemos na indústria das apostas, quanto mais crescemos enquanto apostadores, novos agentes, novas casas de apostas, novas perspectivas se deparam diante de nós. E os sindicatos de apostas é daqueles agentes que nos surgem, literalmente, do nada e cuja ideia que passa e que é vendida é a de ser tudo o que um apostador almeja. Mas será que é assim tão bom?

O que é um sindicato de apostas?

Um sindicato de apostas não é nada mais do que uma empresa, constituída por diversos sócios (em alguns casos pode ser, unicamente, um sócio/investidor) que investem o seu próprio dinheiro em apostas desportivas. Existem estruturas em que o sindicato de apostas é apenas o veículo angariador de investidores globais, que decidem investir o seu dinheiro com o objectivo de o multiplicar.

Os sindicatos de apostas são, portanto, empresas que visam o lucro através das apostas desportivas – na generalidade e independentemente da vertente. Com isto dizer que só o lucro interessa.

Esclarecido que está, o ponto sobre a fonte de financiamento, falta acrescentar que os sindicatos de apostas precisam de quem execute as ordens, mas que as execute da forma correcta, com profissionalismo, com método e com o objectivo de lucrar, afinal, os sindicatos de apostas pagam sobre lucros. É aqui que entram os apostadores desportivos, pois são eles quem vai gerir o dinheiro dos investidores, apostando-o e multiplicando-o.

Quem trabalha para um sindicato de apostas?

Os melhores apostadores do mundo! Leu bem, querido leitor, não basta ser o apostador desportivo mais bem-sucedido de Porto Brandão, ou de Xabregas, é preciso estar entre os melhores do mundo e por melhores entenda-se, os mais lucrativos.

Mas basta ser lucrativo? Não. É preciso dominar em, praticamente, todos os indicadores que definem um bom apostador: ROI, Yield ou taxa de acerto. E é preciso aguentar a pressão de se ver, subitamente, com uma banca de milhares de euros que não lhe pertencem e que se podem evaporar, através de um conjunto de más decisões.

Vamos imaginar que estas condições estão preenchidas. Passemos então à parte operacional. Os apostadores desportivos eleitos para trabalhar com os sindicatos de apostas, actuam nos mercados de maior liquidez, quer se trate das competições ou das apostas. Concretizando, falo de competições como uma Liga dos Campeões, um Campeonato do Mundo de Futebol, a Premier League e depois, falo do mercado de handicap asiático e do over/under.

Como pode o apostador desportivo candidatar-se a tal emprego?

De facto, é até muito simples. Os sindicatos de apostas movem-se um pouco por toda a indústria das apostas em scouting, à procura de talentos. O apostador só tem de garantir que trabalha da melhor forma possível, para despertar a atenção e a cobiça dos sindicatos de apostas, para vir a merecer um convite.

Sim, porque os apostadores são abordados pelos sindicatos de apostas e não o oposto. Não há nenhum endereço de e-mail para enviar a candidatura, há sim, um dia em que no seu e-mail aparece um convite para um chat, para uma chamada e é aí que o convite surge.

Se este é um dos seus objectivos, garanta que já se encontra registado numa plataforma de registo e publicação de apostas, e garanta que regista as suas apostas da melhor forma, respeitando o seu método de análise e a sua gestão de banca. Faça o melhor que consegue e os resultados surgirão e com eles, as oportunidades.

Depois do convite surgir, prepare-se para ver a sua vida pessoal e profissional nas apostas, esquadrinhada e devassada, pois estes sindicatos de apostas procuram os melhores de entre os melhores e isto significa que não são apenas os melhores apostadores. São os melhores apostadores, nas melhores pessoas.

Interessa-lhes perceber a reacção a uma bad run, a gestão de banca nas curvas ascendentes e descendentes, os mercados de actuação e se estes sofrem alguma alteração em momentos positivos ou negativos.

Porque são os sindicatos de apostas uma espécie de El Dorado?

Os sindicatos de apostas entregam aos apostadores desportivos uma banca, para que este possa administrar e gerir com o objectivo de lucrar. O apostador desportivo é remunerado sobre os lucros, sem ser responsabilizado pelas perdas, ou seja, sem ser obrigado a indemnizar os investidores pelas suas perdas.

Em alguns sindicatos de apostas, falamos de remunerações que podem ir até 30% do lucro gerado e onde a banca atribuída, lhe permite uma stake base de € 30.000. Neste caso, quanto mais melhor, já que a remuneração é percentual.

Esta política acaba por ser o melhor veículo de promoção de lucratividade, já que quanto mais lucrativo o apostador desportivo for, mais ganha.

Até aqui parece tudo muito bem, não é?

O que acontece numa bad run? Bem, depende. O facto é que nenhum sindicato de apostas dispensa um apostador desportivo numa bad run. Habitualmente, esperam pela inversão do movimento e no mínimo, por recuperar a banca entregue e dependendo do sucedido, em termos de escolhas, pode o sindicato de apostas rescindir o contrato com o apostador desportivo ou optar por mantê-lo. Por regra são dispensados assim que recuperam a totalidade da banca, que o sindicato de apostas atribuiu.

Tentando de alguma forma resumir a ideia que acima passei, trabalhar para um sindicato de apostas pode ser muito desafiador, mas é também muito desgastante por estar a apostar com muito dinheiro alheio, e ter a consciência de que numa série de decisões menos conseguidas, ou numa variância negativa, parte desse dinheiro se “evapora”.

Um bem haja!