Sejam bem-vindos, investidores desportivos!

No último artigo publicado, debruçamo-nos sobre os pecados capitais nas apostas desportivas e para fechar esta “série” bíblica, o desafio que assumimos para este artigo é o de partilhar algumas virtudes que um apostador deve ter.

São oito características, oito virtudes que são respeitadas e amplificadas por alguns dos apostadores mais bem-sucedidos. Esperamos, com toda a sinceridade, que este artigo sirva para enriquecer cada um dos nossos leitores como apostador, juntamente com o anterior, contribuindo para a lucratividade a longo prazo.

Especialização

Esta é uma das principais virtudes do apostador.

Recordo-me, distintamente, de uma frase que ouvi ao longo deste percurso e que é a mais pura das verdades: é preferível ser extraordinário em algo, do que ser mediano em tudo!

É exactamente o que aqui está em causa. Os apostadores que são realmente lucrativos, são especialistas. Eles especializaram-se em algo: num mercado, numa competição, numa equipa e raras são as vezes em que se aventuram em coisas que não conhecem – e quando o fazem, porque fazem, fazem-no recreativamente, pelo divertimento, conscientes de que a pequena moeda que estão a apostar, estará muito provavelmente perdida.

O apostador que é lucrativo no mercado de golos não vai trabalhar o mercado de cantos, que é terreno, potencialmente, desconhecido. Vai continuar a aperfeiçoar-se no mercado de golos.
Procure o seu espaço, o seu mercado e invista, aperfeiçoe-se!

Não se recuperam Reds

Se no nosso artigo anterior, recuperar Reds era um dos pecados capitais, a capacidade de não o recuperar tem de ser considerada uma virtude!

O Red não se recupera! Este é um lugar comum nas apostas desportivas. Todos os apostadores experientes, todos aqueles que são bem-sucedidos e lucrativos, tiveram de aprender a aceitar o Red, a viver com o Red da mesma forma que o fazem com o Green. Estes, não recuperam Reds, não perseguem o investimento que perderam, aceitam-no e procuram melhorar, para no futuro transformarem aquele Red num Green.

Gestão de Banca

Será este tema uma novidade? Certamente que não.

Todos, mas acreditem que são mesmo todos, os que vivem (honestamente) das apostas desportivas, tem como principal pilar a sua gestão de banca e a ela obedecem, cegamente.

Se o nosso querido leitor ainda não encontrou a sua própria forma de gerir a sua banca, explore os nossos artigos anteriores e as nossas sugestões sobre gestão de banca. Se mesmo assim não estiver satisfeito, pesquise e leia sobre o tema. Sem gestão de banca nem vale a pena entrar neste mundo.

Método

Lá diz o ditado popular: cada um é como cada qual. O que significa dizer que cada apostador é uma célula individual, no tecido das apostas, e que cada um tem o seu próprio método de trabalhar, de analisar os jogos, de encontrar valor, de interpretar as notícias.

Dois apostadores que trabalhem em parceria, que trabalhem os mesmos jogos e procurem analisá-los da mesma forma, vão acabar por identificar oportunidades diferentes, porque cada um deu o cunho pessoal ao método, adoptando-o como seu.

E para se sobreviver neste mundo é preciso criar um método, organizar as acções, ser e ter disciplina. Respeitar as análises feitas, investindo onde há valor e evitando forçar apostas.

É o nosso método e a nossa gestão de banca que nos vão manter à deriva, quando tudo corre mal.

Volume e excesso de apostas

É praticamente impossível vencer neste mundo, a disparar para todos os lados. É humanamente impossível pegar em 50 ou 60 jogos por dia e investir em todos. Não é assim que funciona.

Recorda-se da primeira virtude que invocámos? Especialização! Pois é, como é que nos especializamos em 50 jogos de 15 ligas diferentes?

– Ah…, mas eu tenho uma técnica que identifica um padrão das odds e que sinaliza uma aposta na equipa da casa.

Sim? Um dia eu fui ao casino, tomei uma bebida, meti € 5 numa máquina e passei um bom momento. Este é o meu padrão nas odds.

Esqueçam as técnicas mirabolantes das odds de 1,30 ou de 1,40, que dão sempre aquele resultado. Não há sempre nas apostas desportivas.

Especializem-se!

Gostam do campeonato português, óptimo, invistam, estudando-o. Preferem a Premier League? Excelente escolha, estudem-na. Analisem cada partida, individualmente. Recolham os onzes, meçam comportamentos em amostragens relativamente amplas, vejam o que sucede quando aquela equipa joga sem determinado jogador. É este nível de conhecimento que nos vai garantir a longo prazo.

Aceitar Green e Red com naturalidade e conviver com ambos

Esta é uma das principais virtudes dos apostadores que actuam bastante nos jogos ao vivo, sejam eles punters ou traders.

A aceitação do green e do red é fundamental para evitar desvios à gestão de banca e por conseguinte, evitar a quebra da banca.

Se fizemos a nossa análise à partida, acabamos por reunir um conjunto de conhecimentos, que nos vai permitir actuar de forma correcta ao longo da partida e, se tudo correr conforme a análise indicada, concretizar greens.

Imaginem que estamos a acompanhar um jogo, cuja análise determinou que teria mais de 2,5 golos e o resultado sai para intervalo empatado a um golo. Parece promissor. Melhor ainda, quando aos 10 minutos da segunda parte surge o terceiro golo da partida, mas o jogo continua aberto e a equipa que está a perder começa a dar sinais de querer empatar.

-Ah… vou meter aqui uma stake em como vai haver mais um golo. Errado! O que justifica esta aposta, um feeling? E se não sair outro golo? Acabamos em red, depois de termos estado em green, porque achamos que ia sair outro golo. Desrespeitamos o nosso método e a nossa análise.

Se é over 2,5, é over 2,5, ponto, não é over 3,5. Se já “bateu” o over 2,5, óptimo, aceite o green e disfrute do resto da partida, sem carga emocional. Se ainda não bateu e o tempo continua a contar, é hora de começar a preparar a cobertura da aposta para minimizar a perda.

Saber não apostar

Esta é daquelas virtudes ao alcance de poucos e que surge com a experiência.

Por vezes é mais importante não apostar do que procurar um mercado alternativo, ao que habitualmente actuamos. Ou então, procurar um jogo para apostar fora dos campeonatos ou competições em que nos especializámos, só porque é um Real Madrid ou um AC Milan.

Imagine que se especializou no campeonato francês e que num determinado dia, não existem jogos do campeonato francês, mas está ali um Real Madrid vs. Alavés. Em teoria, o Real Madrid vence a partida, mas chegará isso para investir o meu dinheiro? Claro que não. Se não sigo o campeonato espanhol, ou o Real Madrid e apesar de acompanhar as notícias, não invisto, não aposto para evitar perder dinheiro.

Todos os apostadores bem-sucedidos, chegam a uma altura das suas carreiras em que obedecem ao seu método e à sua organização, inquestionavelmente, pois foi este conjunto de decisões que os levaram ao topo, pese embora a caminhada tenha ensinado muito, sobre equipas e campeonatos em que não actuam.

Identificar a lucratividade e cultivá-la

Todo o apostador deve identificar os mercados onde é mais lucrativo e insistir neles. Parece uma duplicação do que já aqui escrevemos, mas é a mais pura das verdades.

Se me destaco no over, por que razão vou insistir no under? Não faz sentido. Se os meus conhecimentos e capacidade analítica me ajudam, determinantemente, a identificar oportunidades de investimento no over, é no over que eu tenho de me manter.

E o motivo é lógico. Se sou bom no over a tendência é ficar ainda melhor, tornar-me um especialista, um mestre!

Este conjunto de designadas virtudes, não procura ser uma bíblia, nem tão pouco um livro de regras, apenas um conjunto de características e por consequência, atitudes, que levam os grandes apostadores a serem os melhores naquilo que fazem.

E todos ambicionamos ser melhores.

Um bem haja!